Pontos prévios: 1) Sou desconhecedor da obra de David Bowie; 2) Daquilo que fez e conheço, gosto. 3) Poucas vezes vi tanto consenso em torno de uma personalidade. Assim, não quero ser mais um a opinar mas apenas relembrar o meu primeiro encontro com este dinossauro.
Rock Circus, 1989, Londres. Para quem não conhece é um museu de cera, estilo Madame Tussaud’s, onde os visitantes munidos de uns auscultadores ouvem a música de cada artista junto à sua estátua. (Sim é fuleiro eu sei… mas tinha 14 anos) Nesta visita marcaram-me sobretudo a parte dedicada a Sid Vicious e já no final um espectáculo com bonecos de cera animados. Nesse espectáculo, a dada altura aparece um episódio no espaço com um individuo dentro do deu fato de astronauta a cantar. O astronauta era David Bowie e a música Space Oddity. No meio de Beatles, Rolling Stones e Tina Turner surge aquele extraterrestre a cantar Space Oddity. Se tivesse que escolher as palavras que melhor descreveram o meu estado de espírito ao ver aquilo foram: WTF???? Nem conseguia detestar e nem gostar, apenas estranhar. Que raio!!! Afinal David Bowie não era um ídolo pop dos anos 80, era algo mais! Sem entender bem a dimensão de David Bowie, sem compreender a canção Space Oddity, apenas percebia que havia ali algo que eu ainda não tinha a capacidade de entender, mas certamente tinha mais qualidade que aquilo que eu atingia naquele momento.
Só muitos anos mais tarde viria a entender verdadeiramente a proporção daquele e de outros hinos de David Bowie. Hoje em dia Space Oddity está nas minhas músicas de eleição de todos os tempos. Tudo é genial naquela música. Nada falha. Mais uma entre muitas das suas sublimes criações.
Simultaneamente, sinto-me estúpido e afortunado pelo desconhecimento que tenho da obra de David Bowie porque de cada vez que tenho um encontro “improvável ” com uma das suas músicas, tenho a sorte de me vislumbrar. Acontece num bar, ou ao ouvir um cover, ou na banda sonora de um filme,.. São tantas e tantas ocasiões que nem sei se esses encontros são mais improváveis ou mesmo prováveis. Os covers de Nirvana e Capital Inicial são alguns desses bons exemplos. Outro encontro excepcional foi com a música “Heroes” na banda sonora do filme “The Perks of Being a Wallflower”. A cena que roda ao som desta música é simplesmente petrificante. Como se tivesse sido pensada exactamente para aquela cena do filme.