Austrália - balanço final

October 29, 2011

Pela primeira vez na Austrália estou prestes a aterrar num novo destino sem ter a aquela sensação de frio no estomago. O Hotel está marcadíssimo e o plano para os próximos 4 dias é estar na conferência. Não há dúvidas, nem interrogações. Por isso só tenho que pegar na minha mala e dirigir-me para o Hotel.

Pena não poder ficar aqui mais uns dias para explorar devidamente Melbourne e os seus arredores – a 2ª maior cidade da Austrália. Ainda assim do pouco que deu para ver percebi que é uma cidade com tanta ou até mais movimentação que Sydney. Não se sente um ambiente tão elitista e já se vêm pessoas a pedir na rua, coisa que nunca vi em Sydney. Também não é uma cidade tão privilegiada pelas paisagens naturais, mas consegue compensar isso com um centro bem agitado disposto em grandes desníveis repletos de esplanadas em redor do rio. Sem dúvida, a parte mais interessante da cidade e ornamentada com uma arquitectura moderna a fazer lembrar um pouco o estilo mais actual de Barcelona. De facto esta é parte a que os guias dão maior relevo salientando o simples prazer de se ficar nestas esplanadas a saborear uma bebida.

==== Balanço Final ====

Consegui estar 40 minutos sentado numa esplanada sem fazer nada só à espera que chegasse a hora do meu transfer para o aeroporto. Sem escrever, sem tirar fotos, sem ouvir música, sem telefonar, sem planear, sem agendar e sem me preocupar. Fiquei assim sentado 40 minutos enquanto pensava que bem que me estava a saber estar assim simplesmente quieto sem ter uma próxima acção para tratar e executar. E simultaneamente pensava como é que era possível? Como era possível eu estar ali parado a fazer nada sem aproveitar cada minuto do meu tempo para produzir algo? Eu podia aproveitar aqueles minutos para fazer alguma coisa, como sempre faço: despachar mais um email, escrever mais uma crónica, ler mais um artigo, postar no Facebook, arquivar fotografias, acabar um documento, etc. Mas não, naquele momento eu só queria fazer mesmo nada. E, quanto mais me deixava ficar melhor me sabia e não conseguia entender como é que podia estar contente em viver aquele estado de espírito. Mas na realidade assim permaneci imóvel sem stressar.

Foram 15 dias explosivos, repletos e diversificados em acção. Até os 4 dias finais de conferência acabaram por ser uma correria entre sessões, almoços, jantares, trocas de impressões, preparação da minha apresentação, etc. No fim acabou por não haver um único dia onde eu estivesse realmente parado, sem nenhum objectivo a alcançar. Por isso quando finalmente hoje (4ª Feira ) às 18:00 (7 am em Portugal) acabou a conferencia e sentei-me numa esplanada com o único objectivo de aguardar o transfer para o aeroporto, foi como que uma enorme sensação de leveza invadisse o meu corpo e me deixasse finalmente num estado de relaxe total.