7 dias na ilha da Boavista

September 27, 2011

3 noites passadas. 4º dia de férias. Atinjo agora esse estado de espírito – a sensação de férias. Sem telemóvel, sem Internet, sem jornais e sobretudo sem consultar a caixa de Email. Aquela tarefa onde desperdiço todos os dias cerca de 20% do meu trabalho, com enorme prazer. Até mesmo quando não encontro a Inbox cheia, arranjo forma de completar esta parcela de tempo com novas idiotices que disparo num Email. Como se o reflexo de trabalho feito tivesse correspondência na quantidade de acções concluídas ou desencadeadas num novo Email.

E hoje está aquele dia que eu já não esperava encontrar em Cabo Verde. Céu completamente nublado, de uma cor a roçar um cinzento muito escuro e uma temperatura que já pede para vestirmos t-shirt. É aquilo que nos resta depois de 3 dias seguidos de calor intenso onde se podia deambular alegremente apenas de calção e chinelo.

Na 2ª noite entrou uma vaga de ar quente a fazer lembrar os levantes que trazem ao Algarve o bafo quente de África. Mas em África já eu estou e o calor rodeia-nos de todo o lado. Tal era o forno nessa noite que acabei por rematar o jantar de pé, estrategicamente posicionado debaixo de uma ventoinha que emanava alguma frescura. Todo eu pingava em suor e só aquela ventoinha me serviu de consolo. Também a bicharada voadora completava aquele cenário ala “Levante Algarvio”, mas aqui aproximam-se de espécies mutantes com grandes asas e dificuldades visuais que as fazem esbarrar contra os veraneantes.

Na manhã seguinte acordei ansioso por ver a tal Mitsubishi pick-up que me tinha calhado em rifa na reserva da Rent a Car. Depois de uma corrida alvoroça aos carros de aluguer ter deixado as viaturas esgotadas até ao final da semana, só me restou uma desconhecida Mitsubishi que nem fazia parte da oferta original. Foi alguém daqui que me alertou para a escassez de carros de aluguer, deixando-me me em sobressalto e em busca de algum contacto que me pudesse safar. Mas por sorte, surpresa ou azar, ainda não sei ao certo, acabei por encontrar um todo-o-terreno para alugar mesmo para o dia seguinte. E, assim ao 3ª dia a família dos MMMMs está enfiada sabe-se lá onde em desventuras por terras do além.

O estacionamento emanava Jimmys por todo o lado e uma ou duas toyotas de caixa aberta, pouco vistosas (“caixa aberta” é uma forma desprestigiosa de designar uma pick up com mau aspecto). Lá no meio destacava-se uma Mitsubishi Strakar preta a chamar as atenções. Pickup 4x4 (esta é a designação adulatória). Ao primeiro relance incutia uma certa pujança. Mais de perto vislumbrei uma infinidade de amolgadelas, fendas com ferrugem e de aspecto geral pouco limpo. O interior a condizer com areia e pó do último ocupante (o dono). Recebi as mínimas instruções de como mudar o pneu e de como devia entregar o carro. Mais um rúbrica num papel com apenas 5 pontos em letra gigante e já tenho as chaves na mão, pronto para seguir. Nem vale a pena tomar nota das amolgadelas, pois seria mais fácil anotar as partes ilesas.

Ao que parece as estradas e indicações são fáceis. Duas estradas asfaltadas, 3 estradas principais de paralelos e uma infinidade de estradas marcadas como transitáveis no mapa, mas que não passam de terra batida desbravada pelas pedras que emergem em toda a imensidão.

Ao 3º pedido de informações um pobre atrasado mental invade-me a janela grunhindo como um burro a zurrar por comida. Marcha atrás e prego a fundo com a cabeça do burro ainda meio dentro e o corpo ao pendurão do lado de fora. Eu assustado e a Mafalda de mão na boca meia apavorada e meia a rir, questionando porque é que eu tinha rematado aquele diálogo com um: “Obrigado”. Sei lá eu que tão estupefacto fiquei com aquele início de viagem.

Mas toda a vontade de rir lhe passou quando as estradas se acabaram e começou o fora de estrada. “Isto deve ser do género de como andaste lá por Marrocos?”, pergunta esta que deixava subentendido uma vontade de perceber até que ponto estava eu familiarizado e à vontade com aquele tipo de viatura e sobretudo, com aquele tipo de terreno. “Claro que sim!”. Um sim fulminante e determinado do macho que zela pela família. “SIM”. Sim, sei lá eu que apenas pretendia deixá-la descansada.

Na verdade o carro era excelente e no final fiquei com a sensação de ter conduzido o carro do proprietário da rent car que em busca de mais uns cobres acabou por alugar o seu próprio carro. Realmente o aspecto não era vislumbroso, mas debaixo daquela carroça estava um motor repleto de potência, com uma suspensão bem levantada, que lhe dava aptidão total para conduzir os piores terrenos. Mas o grande obstáculo ali não era nem o carro, nem o terreno, mas sim a bagagem, que era a família que tinha de transportar. Esta era a principal diferença de qualquer outra aventura e que naquele caso me deixou arredado de alguns objectivos. Ficaram por isso algumas dunas e pântanos por atravessar e algumas atracções turísticas por ver. Sozinho ou sem crianças, tinha os ingredientes perfeitos para uma deliciosa aventura. Mas ali e já depois de ter socorrido um jovem casal de ingleses com o seu Suzuki Jimmy atolado no meio de um lamaçal, as aventuras teriam mesmo que ficar para uma outra altura.

Assim a semi-aventura  prosseguiu e os gafanhotos que dominavam estes dias na ilha da Boavista tornaram-se vermelhos e saltavam cada vez mais em fervor ao nosso redor. Já me sentia como que a navegar no mar alto com golfinhos a acompanharem-me em saltos sincronizados, mas que aqui davam lugar a gafanhotos esvoaçando ao turbilhão de encontro ao carro. Quando fui forçado a sair para auditar a travessia de um troço de terreno movediço senti-me como no Exorcist 2 ou no filme The Reaping a ser atacado por pragas de gafanhotos. Acabei por voltar num rompante e a decisão certeira de voltar para trás.

Depois de diversas tentativas falhadas de chegar a algum lado estava na hora de tentar repousar para reabastecer baterias. Mas os oásis não abundam nesta ilha e novamente as crianças reduzem-nos o leque de opções. Acabámos por refugiar-nos num resort de 5* no sul da ilha – o recém inaugurado Hotel Riu Tuareg – que nos fez perceber qual era afinal a grande diferença deste para todos os outros resorts.

Depois de 4 horas de viagem (80 Kms percorridos) fazia-se tarde e mais que na hora de um regresso ao nosso refúgio (entenda-se tarde como 14:00). Assim o regresso foi mais acelerado fazendo-me ultrapassar limites que à partida não estavam planeados. A confiança e segurança subiam a cada km percorrido, começando agora a aproximar-me do nível atingido no final dos 4 dias de treino na caravana do Lisboa-Dakar no deserto de Marrocos. Agora sim, a viagem estava a ter os seus frutos compensatórios e alguma adrenalina para despertar a pestana, até que a Maf diz: “Ó Margarida, mas que porcaria!!! Mas porque é que estás a cuspir?”. Cuspir? “Mafalda, ela vai vomitar!!!”. E depois a Mafalda devolve a pergunta à Margarida e recebe a confirmação seguindo-se um: “MIGUEL, PÁRA. MIGUEL PÁRA. ELA VAI VOMITAR!!!”

Bucho esvaziado. Água nas ventas para despertar. Bagagem – família – re-arrumada e estamos prontos para prosseguir com o nosso regresso. Mais uns minutos, quase mortos e estafados lá chegamos desejosos ao Hotel. Mais pelas miúdas que estavam fartíssimas e exaustas, do que por nós. Mas se elas ficam melhor, nós também nos sentimos ainda melhor. É assim o milagre da vida - uma sensação de frustração por ter estado a metros de alcançar umas ondas perfeitas e ter que colocar a responsabilidade à frente virando-lhe as costas sem hesitação. Mas não seria mesmo este o momento certo. Ficará para uma próxima. Daqui a 2 meses estou na Austrália e poderei desforrar-me.

Como o aluguer do carro pressupunha o dia inteiro e não me apetecia desperdiçar a oportunidade de conhecer mais um pouco da ilha, de tarde segui em modo “solo” para desvendar o lado norte que ainda estava por explorar. Foi interessante, nem que seja pelo facto de ter estado umas horas sozinho a deambular por ruas e valetas miseráveis. Nem a capital “Sal Rei” escapava, fazendo lembrar a pedreira dos Húngaros ou o bairro das Fontainhas que ficava nas traseiras da minha casa no bairro de Santa Cruz. Daí romando até ao lado Leste volto a entrar no planeta Marte e deslumbro mais umas paisagens, agora decoradas pelas tonalidades do por do sol. Estava-se a faze tarde e chegou a hora de regressar à base.

Depois de um dia tão intenso, o final de tarde ao som de uma bossa nova brasileira tocada no violão por um cabo-verdiano soube como um banho relaxante para serenar a alma. Tudo estava perfeito e proporcionava-se o bom momento para uma caipirinha. Mas esse néctar servido à moda deste “chalet” francês é atrocidado com açúcar branco e sumo de limão. O que faltava mais para liquidarem este momento? Só se fosse mesmo cantarem um clássico da MPB dobrado em francês.  Já imaginaram ouvir o “Você abusou” em francês!? “vous avez abusé…” Isso mesmo. Um filme de terror. Foi a gota que faltava para deixar a caipirinha por beber, regressar à minha suite e preparar-me para o jantar.

No 5º dia ao almoço na esplanada vislumbro uns espumaços ao longe do lado norte da baía onde nos situamos. Faz todo o sentido, porque havendo tendência para que o swell entre de sul é normal que ali se formem ondas. Desde que avistei os primeiros vestígios de ondas os meus olhos não largaram mais aquele ponto no horizonte tentando identificar algum potencial pico. Depois de preciosa análise estava certo que ali daria certamente para brincar e passar uma hora entretido. Peguei na prancha e fiz-me à caminhada que estimei em cerca de 15 a 30 minutos a pé pela areia.

À medida que me aproximo do meu alvo percebo a existência de algumas rochas à beira mar. Começava a descortinar então a razão daquelas ondas e que não se devia apenas a um posicionamento estratégico da costa em relação ao sentido do swell. O fundo era repleto de rochas que garantiam uma profundidade mais, ou menos, constante propícia à formação de ondas. Só me apercebi de tal já dentro de água quando a cada pernada ou braçada embatia numa rocha. Ao apanhar a primeira onda dei-me conta do cenário completo quando ao rebentar da onda erupçavam bolhas vindas das rochas que se deixavam antever. Naquelas condições e com ondas a fechar de uma ponta a outra tive que pôr fim à brincadeira que mal chegou a começar. Não há dúvida que esta ideia do destino me colocar com uma prancha de bodyboard no avião não passou de uma mera fantasia, ou ilusão.

Só não sei porque é que esse tal destino me pregou esta partida quando nunca foi minha intenção vir surfar para Cabo Verde. No final parece mesmo que foi um teste para me por à prova. Até que ponto arriscaria com as minhas MMMMs em buscas da melhor onda. Um “moral test against yourself” como diria o Vincent Vega em Pulp Fiction. E acreditem que nem se quer queria levar a prancha para Cabo Verde. Mesmo depois de na véspera ter visto no Windguru uma daquelas previsões de swell em que é 100% garantida a qualidade das ondas: períodos de 16, ondulação de 3 metros e vento a soprar de leste. Mesmo assim eu não queria levar a prancha. Mas depois disto, quando cheguei ao aeroporto e vejo na fila para o check-in 3 grupos de pessoas diferentes a carregarem as suas pranchas, pensei imediatamente que era um sinal a alertar-me para não viajar sem a prancha. Eram demasiadas evidências. E assim acenei a este apelo e acabei por levar mesmo a prancha.

6º dia, dia de jogo da nossa selecção rodeado pelo polemico abandono do Ricardo Carvalho. É o dia mais quente da nossa estadia e a bandeira nem se mexe. O mar está lindo, com uma ondulação muito certa e com sets bem formados e pausados por grandes períodos. Mas como sempre a onda quebra como uma linha única de uma ponta a outra da praia. Nesta manhã passámos um dos melhores dias de praia e talvez já estivesse um pouco de calôr a mais, porque só se conseguia estar mesmo bem era dentro de água. Para os mais stressados ou inexperientes a ondulação estava “puxadota” e entre uns que hesitavam na forma de entrar no mar, outros que pediam ajuda ao banheiro e alguns que tiveram mesmo que ser socorridos. Para mim apenas continuava a dar para fazer umas boas “carreirinhas”, mas já nem podia ser nas do set porque essas projectavam-nos com toda a violência sobre a areia que secava na base da onda.

Já convicto de que isto não era mesmo viagem para surfar, do alto do monte onde se situavam as piscinas do Resort, começo a descortinar na outra ponta da baía junto ao morro branco, umas linhas de esquerda que quebravam em tubos perfeitos ao longo da linha da costa. Dava para perceber que a onda quebrava com grande velocidade mesmo em cima da areia e não tinha grandes dúvidas que seria quase impossível conseguir dropar aquelas ondas, dada as últimas experiências falhadas. Mas enquanto as miúdas estavam na sessão da piscina, eu repousava na espreguiçadeira posicionada na direcção da baía onde continuava a contemplar a tal esquerda que de set, em set, quebrava num tubo perfeito. A imagem fazia lembrar a mesma perspectiva que temos quando observamos a esquerda de Supertubos a partir do parque de estacionamento, mas aqui eu estaria a cerca de 5 a 10 vezes essa distância, o que me impedia de discernir a real qualidade daquela onda. Seguia-se mais um momento de calmia e lá eu me tentava convencer de que realmente ali não haveriam boas ondas. Mas logo a seguir entrava um novo set e eu voltava a ficar num frenesim sem saber o que fazer.

No meio de todas as minhas indecisões, trocava umas impressões com a Mafalda a ver se ela me demovia da estúpida ideia de atravessar aquele enorme deserto armado com uma prancha para dropar o desconhecido. Mas ela também não ajudou muito: “Realmente parece estar ali a formar-se uma boa onda.... Vai lá.. Sempre brincas um bocadinho.” Acredito que ela dizia mais aquilo para que eu lá fosse destressar e libertar a minha impaciência, do que propriamente achasse que apanharia boas ondas. Mas a verdade é que se viam ondas a quebrar como fotos de capa de revista. Tubulares, com água verde cristalina e a formar cavernas bem delineadas. Restava saber se eram ou não acessíveis.

Chegou a hora de almoço e não aguentei mais. Peguei na prancha e sem almoçar fiz-me à travessia do deserto. O caminho consistia em seguir um pequeno riacho que se tinha formado pela maré cheia e no ponto onde este desaguava no mar seria exactamente onde se formava o pico de esquerda.

Um percurso que em passo acelerado durou cerca de 20 minutos. À medida que me aproximava do pico o vento off-shore soprava cada vez mais forte tornando as ondas cada vez mais bonitas. As ondas continuavam a quebrar quase de uma só vez, mas cada vez mais a linha da onda se aguentava devido ao forte vento off-shore, dando a ideia que talvez fosse possível um drop rápido, com encaixe directo no tubo e aproveitando o pouco que a onda deixasse-me avançar.

Já chegado ao pico passei a admirar em ponto grande aquilo que tinha perspectivado do alto do Resort. Ondas de metrão, com 1,5 m nos sets, mas estes seriam quase impossíveis de escapar porque quebravam a grande velocidade. Mas certamente que nas ondas “de não set” daria para curtir à grande, ainda para mais com água quente, só de calções e sem fato de neopren a bloquear todos os movimentos.

Entrei um pouco receoso só experimentando as ondas mais pequenas tentando perceber se a projecção de encontro à areia seria coisa para aleijar. Além disso a sensação de estar a 1 ou 2 Kms do Resort no meio de uma imensidão de areia onde não se vê vivalma também ajuda a acelerar-nos o coração. Mas é toda esta adrenalina que nos faz acreditar e continuar em busca do pote de ouro no fim do arco-íris. Pelo meio varrem-nos pela cabeça todo o tipo de pensamentos, desde o eventual aparecimento de um tubarão que vê em nós uma refeição perfeita.

Mas as coisas foram correndo bem e comecei então a experimentar coisas maiores. Claro que destas já não saia ileso, mas dava para andar um bom bocado dentro do tubo. E, aquela imagem começava-me a viciar e a dar cada vez mais adrenalina, deixando-me de me preocupar com o impacto final da onda. Ao fim de 30 minutos de aquecimento a minha perseguição passou a ser apenas às ondas do set, porque as outras já não davam qualquer emoção.

A forma como se dropava a esquerda do set era exactamente igual ao drop da esquerda de Supertubos. Uma remada vinda de traz da onda com grande intensidade e velocidade. Qualquer atraso já não nos permite entrar em condições. Assim que se vislumbra a sombra da onda inicia-se uma remada vigorosa, com toda a potência que nos faz entrar em sintonia com a onda e assim que começamos a dropar já estamos a ver a crista a querer-nos engolir. Depois é só encostar com força e convicção, esticar-nos, endireitar as costas, acelerar e acreditar que vamos conseguir sair. Esta última é a tarefa mais difícil, porque o subconsciente está sempre a querer-nos atraiçoar e a dizer que é impossível escapar. Mas quando destroçamos esse medo torna-se mais fácil o sucesso. Mas foram precisas muitas quedas e enrolanços, para conseguir fazer a onda do dia.

Que sessão mais fenomenal, ondas perfeitas, água quente e eu sozinho num raio imenso sem avistar vivalma. Estava decidido que só sairia dali quando estivesse para lá de esgotado. Um momento destes não se desperdiça e tem que se esmifrar até à última onda. Mesmo quando deram sinais as primeiras cãibras, fui contornando-as de maneira a continuar a surfar. Assim rematei uma das sessões mais épicas de sempre, que nunca esquecerei pelas circunstâncias e forma como ocorreu.

A partir deste momento parecia que tudo corria melhor. E de facto só me podia dar por contente pela sorte de todas as ocorrências. Até mesmo quando no 1º dia fomos forçados a mudar de quarto acabando por ir parar à suite mais privilegiada e bem localizada do resort. Longe da confusão, das piscinas e bares e mesmo na primeira linha da frente da praia. Bastava darmos 1 passo da janela do quarto e já estávamos com um pé na areia. De resto era essencialmente isso que procurávamos: paz, sossego e descanso. Não ter que pensar, nem planear. Se gostas da comida comes, se não gostas azar, porque também não há alternativa. São as virtudes e limitações de se passar uma semana em “all-inclusive”. O balanço final foi bom e a ilha da Boavista em si, superou as minhas expectativas.