Depois da 2ª parte de uma longa viagem com troca de risos e recordações, foi bom perceber porque é que um grupo tão heterogéneo persistiu durante tantos anos naquele mítico lugar que se chama RETUR. Um grupo agora desfalcado de alguém, que nunca mais se vai poder juntar a nós e que era parte essencial.
Hoje em dia a RETUR já não existe, mas persistirá em nós tal e qual como a viviemos durante muitos Verões. Após um interregno de alguns anos cheguei a recear que já não tivesse pachorra para os feitios e personalidades de cada um. Mas tudo aquilo que antes parecia aborrecido agora parece complementar-me e faz-me perceber como todos são relevantes. Não só por aquilo com que sempre simpatizámos, mas até por aquilo que na altura parecia mais “imbirrante”. Ainda bem que num momento tão triste pude fazer esta viagem com tão boa companhia. Caso contrário seria um verdadeiro sufoco. Agora partimos cada um às nossas vidas, menos um que para lá ficou.
O Cláudio foi um bom amigo que me acompanhou em muitas aventuras e que nunca me poderei esquecer. Desde as “habitués” noites no Pescador, nas loucas viagens até à Ubi, nas furgorosas incursões até Espanha, e até no Porto (onde sempre que lá ia trabalhar ele fazia questão que nos encontrássemos), nas "caçadas" em raly aos coelhos, no passeio pelo Gerês, nas experiências em torno da sangria, nas tórridas manhãs de praia após noites de grande animação e muita "risada". De facto rir enche-nos a alma e essa era a principal constante deste grupo, onde hoje apesar de um dia tão triste voltou a preencher alguns momentos.
Mas de facto a estória dos últimos 4 anos do Cláudio só poderia acabar com um final trágico.
De tão diferentes que somos não posso ignorar algumas evidencias comuns dos nossos caminhos, como a proximidade da nossa idade, percurso académico e profissional regular (de acordo com os bons padrões estereotipados pela sociedade), uma paixão de longa data por uma mulher e uma filha de 4 anos. Não consigo imaginar como seria privar a minha vida da presença das minhas MMs pequenas. E, todos as noites no meu ritual terapeutico de passagem pelo seu quarto e contemplação do seu sono angélico profundo, não posso evitar lembrar todo o mal que te fizeram ao te retirarem uma oportunidade igual à minha.
Além de todas as boas recordações, ficará a marca de alguém que não desistiu dos seus ideais e colocou os seus principios à frente da sua própria vida.
http://www.ionline.pt/conteudo/103524-homicidio-dois-anos--espera-morrer-uma-filha