Isto era para ser uma resposta, a uma resposta do aluno Alexandre Rodrigues, ao meu anterior post. Mas como já estava longo e aborda temas pertinentes (como o título) acabei por degenera-lo num novo post.
AR> Mas como é que um aluno deve agir para ter sucesso com um professor mau?
Podem não ir às aulas e estudar pelo livro de referência da disciplina.
AR> ...não é só um livro, são vários. Ou então nem há!
Nesse caso devem reclamar junto do responsável de secção dessa disciplina o facto de não existir um livro de referência. Todas as disciplinas têm que seguir um livro de referência.
AR> Para ajudar, alguns dos livros são completamente intragáveis de ler e é preciso o dobro do tempo do que um livro normal.
Nesse caso, mais uma vez aplica-se a mesma receita que no ponto anterior. Reclamar junto do responsável de secção. Felizmente, hoje em dia existe uma grande diversidade de editoras e muitos bons autores. Dificilmente não se encontra um bom livro sobre uma matéria, na nossa área da engenharia informática. Não há justificação para uma disciplina não ter um bom livro de referência.
Se o livro de referência de uma disciplina não é bom, então devem-se reunir esforços para encontrar o livro mais adequado.
AR> Será que os professores do ensino superior recebem essa formação? Ou é apenas chegar, mostrar a credenciais de doutor e começar a dizer coisas para um auditório?
Sim é isso. Basta ter credenciais (não necessariamente o doutoramento) que sejam reconhecidas em concurso público ou por uma comissão de avaliação. Além disso é obviamente necessário que hajam concursos, que cada vez há menos.
Mas sobre a 1ª parte da questão a resposta é não, os professores do ensino superior não recebem formação específica de ensino. E será que deviam?
Esse tipo de formação não resolveria o teu problema dos maus professores. Tal como considero que dificilmente se faz um bom aluno de alguém sem vontade, também considero que dificilmente se faz um bom professor de alguém sem vocação para ensinar. E neste caso a formação de que falas não resolveria nada. Tal como também não resolve o doutoramento.
Por isso, a existência de concursos é correcta. Agora os critérios de selecção é que talvez não. As credenciais são muito importantes, mas é fundamental avaliar outros aspectos como capacidade de dar uma aula, vocação (esta mais difícil de avaliar), entre outros. Só é pena que nem sempre se usem estes critérios.
AR> Mas pensando bem, para que raio os meus pais pagam impostos?
Essa já é em jeito de desespero. Às vezes também me dá vontade de perguntar o mesmo. Ou até, porque é que também não posso acumular uma reforma adicional, como as dos ex-presidentes, governadores, etc. Sou um ex-trabalhador do regime privado e descontei para a segurança social. Agora desconto para a caixa geral de aposentações. Se calhar podiam-me começar já a pagar a reforma daquilo que descontei na segurança social, antes que desapareça J
AR> Acho que "paletes" de alunos juntos podem fazer muita coisa (principalmente os universitários que já votam e tudo).
Não me parece que as reacções em massa resolvam alguma coisa. Pelo menos do meu tempo de estudante não me lembro de alguma vez terem resolvido excepto no caso da PGA (um dia conto essa história noutro post).
Continuo a dizer que não há desculpa para um aluno não ter um bom desempenho, mesmo com um mau professor. E se os livros de referência não são adequados, então parece-me que a melhor reacção não é manifestações em massa, mas apenas reiterar uma posição junto do responsável da secção, que é encontrar o livro de referência mais ajustado. Para isso basta 1 aluno. E neste caso não acredito que os responsáveis não respondam a esse tipo de solicitações.