Enquanto aluno do ensino superior todos os meus professores eram Doutorados. Qual o contributo dos seus doutoramentos para a minha formação? Nem bom, nem mau.
Na altura, nem me questionava qual o professor que tinha, ou não, doutoramento, porque todos tinham. Mas na verdade maioria deles eram maus professores.
Não tenho qualquer dúvida que aqueles foram e são os professores com menos aptidões de ensino, preocupações pedagógicas, falta de cuidado na preparação das aulas, entre outras deformações, que alguma vez conheci. (salvo algumas excepções)
A primeira vez que me apercebi da fraca qualidade dos professores que tinha tido na licenciatura foi quando tive a oportunidade de fazer um curso de pós graduação na universidade católica, designado PAGE: Programa avançado de gestão para executivos, onde estudei temas como: Gestão Estratégica, Economia para Gestores, Gestão do Conhecimento, Negociação, entre outros. Foi curioso notar que os docentes mais cativantes, mais bem preparados, mais coerentes, rigorosos e aliciantes, eram precisamente os que não tinham doutoramento. Por outro lado, houve 2 ou 3 professores doutorados em universidades de renome internacional que demonstraram o poder de um discurso enfadonho, incoerente, com falta de rigor e completamente desmotivador. Felizmente que destes foram poucos.
Esta constatação foi minha e da maioria dos meus colegas licenciados na mesma instituição que eu.
Por outro lado, houve um conjunto de professores excepcionais, que além das mais valias já referidas anteriormente, demonstravam aquilo que poucos querem fazer: trabalho. Trabalho de uma lição bem preparada. Além disso ainda demonstravam paixão pelos temas que ensinavam (ou pelo menos assim o demonstravam… e bem). E realmente estes eram os professores menos credenciados, mas eram aqueles que mais experiência tinham na formação de quadros de empresas. E isto já explica alguma coisa. Uns tentam ensinar maioritariamente para alunos do ensino superior, outros esforçam-se por ensinar a quadros de empresas. Se as empresas não gostarem não compram, se os alunos não gostarem… paciência. E afinal para que serviu o doutoramento?
Este exemplo e mais outras experiências a que assisti na universidade Nova de Economia de Lisboa, chegam- me para demonstrar para afirmar que: o doutoramento não dá qualquer aptidão de ensino a um professor universitário. (1º corolário)
No entanto é este o critério de contratação de docentes para o ensino.
De outro ponto de vista, diz um colega meu: “Os bons alunos são aqueles que mesmo com um mau professor continuam a ser bons alunos.” E antes dele já a minha mãe me dizia o mesmo. Na realidade sempre ouvi a minha mãe dizer-me isto desde o secundário, que era como quem diz: “não vale a pena arranjares desculpas.”
Isto para mim sempre foi um dado adquirido, não só para mim mas se calhar até para a maioria dos meus colegas que comigo teve a oportunidade de partilhar aqueles professores durante a licenciatura. Era dado adquirido e constatávamos a cada semestre que a maioria dos professores não surpreendiam pela positiva. No entanto nunca nenhum de nós viu nisso uma desculpa. Não me lembro de algum colega meu dizer que não conseguia fazer a disciplina A ou B por culpa do docente (salvo uma excepção: Electrónica de Potência).
Por isso no meu ponto de vista o sucesso dos alunos depende unicamente do seu desempenho. (2º corolário)
O desempenho de um aluno depende da sua vontade, da sua educação e formação. Depende muito do ambiente em que vive e sobretudo, dos exemplos com que se identifica. Dificilmente o melhor professor do mundo faz um bom aluno de alguém que não o quer ser.
Combinando o 1º e o 2º corolário, fica então a questão: porque não usar o doutoramento como critério de contratação de docentes?
Ou seja, no fim eu até me formei com bons resultados e continuarei a minha formação apesar de todos os maus professores que possa vir a ter. Cada vez menos, porque nesta fase já posso escolher os professores que quero.
Mas apesar disso, se pudesse ter escolhido entre fazer todas as disciplinas com professores “slide oriented” ou professores como o António Serralheiro. Sem dúvida que queria todos os professores como este, ou destacando outro professor, Luís Borges de Almeida. Em vez de ter que recordar a agonia de aulas como: Fundamentos de Electrónica, Electrónica de Potência, Instrumentação e Medidas, entre muitas outras, que prefiro não identificar o professor.
Quer isto dizer que a questão anterior não faz sentido, enquanto os alunos não tiverem voto nessa matéria. Enquanto forem unicamente os professores a fazerem regras para outros professores, os critérios nunca serão certos.
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