Mais, ou menos, todas as instituições do ensino superior fazem um investimento (ou gastam recursos) para disponibilizar aos seus docentes condições que promovam a realização das suas pós graduações, em particular o doutoramento.
Não vou questionar a importância desses doutoramentos na qualidade dos cursos oferecidos.
Não vou questionar a necessidade dos doutoramentos para a oferta de unidades curriculares de qualidade.
Não vou questionar a importância dos doutoramentos para cativar a entrada de novos alunos para o ensino superior.
Não vou questionar se os temas de doutoramento são, ou não, relevantes para a indústria e se dai advém algum contributo para as unidades curriculares leccionadas.
Não vou questionar se é mais importante o doutoramento ou a qualidade do trabalho de um docente na preparação de uma unidade curricular.
Não vou questionar se vale a pena gastar recursos para oferecer condições a docentes para realizar os doutoramentos.
Apenas pretendo que apreciem a forma como são oferecidas condições aos docentes para realização de pós graduação, comparativamente com o que é feito na indústria.
Conheço casos de colegas/amigos que trabalham na indústria e que fizeram uma pós graduação nos últimos anos. A forma como as empresas apoiaram a realização dessas formações, varia de caso para caso.
- Nuns casos pediram licença sem vencimento e realizaram o MBA a tempo inteiro durante 2 anos. Por sua vez, a empresa pagou-lhes as propinas.
- Outros decidiram fazer a pós graduação em tempo parcial, sem apoio para o pagamento das propinas, continuando a receber a totalidade do vencimento. Nestas situações a empresa dispensou-lhes meio-dia, ou um dia completo, para a pós-graduação.
- Outros mais felizardos decidiram também fazer a pós graduação em tempo parcial, mas tiveram apoio parcial da empresa no pagamento das propinas, sem abdicarem da totalidade do vencimento. No entanto mantiveram o horário de trabalho completo.
Independentemente das variações entre as diferentes formas de apoio à realização de pós graduação todos estes casos têm um requisito em comum:
Concluída a pós graduação o empregado tem vínculo à empresa durante um período pré acordado (nos casos que conheço varia entre 3 e 5 anos, dependendo dos apoios oferecidos pela empresa). Em caso de incumprimento o empregado terá que restituir o montante correspondente a todos os apoios recebidos: propinas e/ou montantes resultante das horas de trabalho dispensadas.
O principal objectivo destas cláusulas é as empresas protegerem o seu investimento, neste caso, o apoio concedido à pós graduação dos seus empregados.
Na instituição a que pertenço, à semelhança de muitas instituições do ensino superior pode ser concedido a um docente dispensa de serviço durante 1, 2 ou vários semestres, para realização do doutoramento. Terminado o período de dispensa, se o docente optar por deixar a instituição não tem nada a restituir. Nada a restituir.
Neste caso qual foi o investimento? Qual o ganho para a instituição?
Terá sido mesmo um investimento ou antes um desperdício?