Depois do dia anterior de calor não me sinto com vontade para grandes estafas. Ainda por cima aquilo que tínhamos planeado para aquele dia era numa zona bastante árida, no outro lado da ilha e que implicava fazer mudança de autocarro. Não estava nada a apetecer...
Depois do pequeno-almoço fico numa grande ronha estendido na cama. Não me apetecia fazer nada e só pergunto sem querer qualquer resposta: “Então mas está-te a apetecer ir para onde?”. A mim não me apetecia mesmo ir para lado nenhum.
Num ápice a Maf lá toma a iniciativa e convence-me a fazermos o passeio que tínhamos planeado: Blue Grotto e o parque de monumentos megalíticos.
A paragem de Blue Grotto fica no alto de uma falésia com uma vista soberba sobre o mar muito azul e calmo. Não se faz sentir uma ponta de vento, acentuando ainda mais a serenidade do mar. Descemos um pouquinho em direcção a um miradouro e olhando a pique para baixo parece-nos ainda mais alto que inicialmente. O mar é tão transparente que com o zoom da máquina consigo ver o fundo mar. A imagem da famosa blue grotto é fantástico formando num braço de rocha um enorme arco natural sobre o mar. Faz lembrar imenso o vemos no sul do Algarve, na região de Lagos.
Iniciamos a grande descida até à pequenina aldeia que dá acesso à Blue Grotto. A descida é brutal e faz-me antever uma duríssima subida debaixo de um calor abrasador. Pergunto à Maf: “Bem... já vimos as vistas lá do alto... se calhar não há muito mais para ver lá em baixo... não será melhor voltar já para trás e seguir para o parque dos monumentos megalíticos”. Dava a sensação de morrer na praia, embora a praia ainda estivesse longe. Mas resolvemos seguir.
Lá em baixo temos um cenário semelhante ao que vimos na lagoa azul. Imensas pessoas (não tantas) nas rochas a fazerem praia e outras na água a fazer snorkeling. Pagámos 4 Liras cada (10 euros cada) para fazer a voltinha de barco pelas grutas. Faz-se em 20 minutos. Achámos excessivamente caro para aquilo era. Além de ser uma falha imperdoável nunca termos feito a mesma voltinha pelas enseadas do Algarve.
Entramos numa gruta e diz a Maf que sente o ar pesado (coisas de grávida). A água é muito translúcida deixando ver os peixes como num aquário. Somos convidados a mergulhar numa das grutas, mas ninguém está com vontade.
Já em terra decidimos dar um mergulho. Quando estamos a dirigir-nos para a água vemos uma rapariga (espanhola, claro) com as mãos cheias de ouriços (granda nóia). E nós sem chinelos. Já não me bastava a medusa... Consigo sair ileso da água, mas foi um banho super intranquilo. A história a medusa traumatizou-me mesmo. Raios partam, pelos menos no nosso mar fresquinho não destas cenas...
São 14:00 e já comemos a habitual sandes num bar e vamos iniciar a subida. Nem estamos bem mentalizados para o terror que se segue... Divagamos nestes pensamentos quando somos interpelados por um taxista que nos pede 2 Liras por cada um (total 10 euros) para nos levar até aos monumentos megalíticos que ficam apenas a 2 Kms dali (apenas, não fosse o facto de ser a subir vertiginosamente). Como o templo eram 3 Liras por pessoa, não tinha dinheiro suficiente para regressar. Contudo o taxista insiste e baixa para 3 Liras no total. Continuei eu no meu papel de não ter dinheiro e a Maf que estava disposta a apanhar aquele táxi a qualquer custo começa a ficar num desespero que se via à distância. O taxista também percebe e ficamos num impasse. Viro as costas ao taxista e a Maf nem queria acreditar. Lá ele me grita: “Ok 2 Liras total.” Eu ok e pensa a Maf: “Graças a deus. Bendito senhor que tanto insistiu”. Aquela subida, àquela hora, com aquele calor, teria matado qualquer um.
Chegamos ao parque e é a história do costume. Cada templo 2 Liras, os dois 3 Liras. O 2º templo está mais abaixo e a uma distância de 1 km. O género é o mesmo e não estamos com disposição nenhuma para andar sob calor, por isso vamos ver apenas o Hagar Quin. Achamos novamente que é um exagero de dinheiro para aquilo que nos é permitido ver.
Voltamos a Valleta e aproveitamos para ver o museu de arqueologia ( ou “arquitectura” como dizia a Maf desnorteada pelo efeito do calor). Neste museu vêem-se os principais vestígios das imagens da mulher gorda encontrados em Hagar Quin. Vale bem a pena.
Nesta noite em vez de jantarmos em Paceville ficámos pela baía de St. Julians onde se concentram uma série de restaurantes muito acolhedores. Claro que os preços também são mais elevados. Jantamos no Lorenzo, que fica numas escadinhas com vista sobre a baía. Comemos muito bem. Eu comi um fillet mignon que consistiam nuns escalopes com molho de cogumelos. A Maf comeu um escalope que consistia num bife panado.