Seguimos a recomendação da guia e vamos visitar Mdina, Rabat e Mosta, mas nos autocarros de carreira. O primeiro autocarro a apanhar de Paceville para Mdina é o 65, que nos dá uma seca de 30 minutos de espera.
A única semelhança entre esta Mdina e as que vi em Marrocos é o nome. Mdina é um nome de origem árabe que significa cidade fortificada. Foi construído pelos Fenícios e foi capital de Malta até Valleta tomar o lugar em 1571.
Foi por Mdina que começámos a nossa visita cultural. Neste momento Mdina tem apenas fins turísticos tratando-se de uma pequenina aldeia no alto de um monte rodeada de muralhas. Assim que se passam as muralhas ficamos logo impressionados com o estado de preservação dos monumentos. A maioria datam do século XI e XVI. Chego mesmo a pensar: “Será que se Malta não tivesse sido dominado pelos ingleses até 1974, isto estaria no mesmo estado de conservação?”.
Passeámos entre ruas e ruelas, vimos as vistas dos miradouros sobre toda a ilha, o museu e a catedral. Acabámos de ver a Mdina perto das 13:30 e sentamo-nos no jardim da entrada a decidir o próximo destino: Rabat ou Mosta. A Maf quer fazer par ou ímpar, mas eu prefiro dar uma olhada no horário dos autocarros e apanhar o primeiro que vier.
Chega primeiro o 84. Entramos e confirmo com o condutor que vai para Rabat. Este responde-me lixadíssimo na língua dele: “$!&/(^~º... Rabat...”. Caraças do gajo... Faço-lhe a mesma pergunta (em inglês obviamente) e ele novamente em maltês fulo: “bla bla bla.... Rabat.... ”. Raios o partam. A Maf mais calma esclarece-me: “O gajo está a dizer-te que já estamos em Rabat.” Eu: “Rabat? Mas como?”. A Flávia já nos tinha avisado que a maioria dos condutores eram estúpidos. Enfim... lá seguimos a pé sem saber muito bem para onde...
A Mafalda que tinha passado os olhos por uns folhetos sugere visitarmos umas catacumbas e afins que valeria a pena ver e lá vamos. Visitamos a Igreja e catacumbas de São Paulo. O dito Sr. que tinha naufragado e sido socorrido numa pequena ilhota que se avistava em St. Paul’s Bay por onde passáramos no dia anterior.
Entretanto são 14:30 e decido parar numa esplanada mesmo no largo junto à igreja de St. Paul. para trincar qualquer coisa, apesar da Maf insistir que não tem fome. Está demasiado calor e realmente não dá vontade de comer grande coisa. Mas já me sinto desidratado e uma coca-cola sabe sempre bem. Comemos ainda uma tosta de queijo e fiambre que surpreendentemente custou apenas 25 cts malteses (cerca de 50 cts de euro). Uau! A Maf nem acreditava. O pior foi que levámos uma seca de 45 minutos porque se esqueceram de nós. Pelo menos este tempo deu para repousar e por a escrita em dia.
Ainda em Rabat a próxima visita foram as catacumbas de Agatha. Estas sim valem muito a pena. Além de um curiosíssimo labirinto de passagens estreitas, intercaladas por câmaras e túneis onde só se passa agachado, existem ainda um vasto conjunto de frescos que datam aos séculos IV, XII e XV, estes últimos atribuídos a Salvatore D’Antonio de Messina. Reza a história que no ano de 249 DC St. Agatha refugiou-se na ilha de Malta, fugindo da persuasão do imperador Decius e do governador da Sicília, Quintianus, que se teria apaixonado por ela. Era neste local St. Agatha se refugiava para rezar. Em 251 DC regressou ao seu país de origem onde foi torturada e morta devido a sua fé.
Já são 16:30 e está na hora de regressar. A espera pelo 65 promete uma 2ª seca. Quando chegamos à paragem está um 86 mesmo a partir com uma enorme fila de turistas. Se calhar aquele 86 até nos leva a algum lado ?! Lá vejo que este segue para Musta que até era um dos sítios que planeávamos visitar e que fica no caminho de regresso a Paceville. Ok, seguimos neste.
O motorista não para na local suposto e deixa-nos a quase 1 km do local pretendido. Raios o partam. Esta novela com os motoristas já me começa a encher.
Vamos visitar a basílica de Mosta, que tem a 3ª maior cúpula do mundo (as duas maiores que já tive o prazer de visitar são a basílica de São Pedro no Vaticano e St Paul’s Cathedral em Londres). Esta basílica tem uma história bastante curiosa: no decorrer da 2ª guerra mundial no dia 9 de Abril de 1942, às 16:40 no decorrer de uma missa onde se concentravam 300 pessoas, uma bomba penetrou pelo tecto e alojou-se na sacristia sem deflagrar.
Agora está mesmo na hora de regressar e tento arranjar um caminho alternativo ao 65. Temos várias alternativas que implicam troca de autocarro mas enfim: 54, 55, etc... Vem um 54 e seguimos nesse. Tudo parecia correr bem porque ainda não sabia que a fonte de informação das carreiras dos autocarros fornecida pela guia, estava bastante desactualizada.
Somos largados numa terrinha no meio do nada. Diz-nos o motorista: “Última paragem.” Eu: “Como assim? Não é nada a última paragem.” Mas era mesmo e tivemos que sair, nem sabíamos onde estávamos. Lá peço ajuda a um nativo, bastante simpático que apesar de falar muito mal inglês se esforça imenso por me esclarecer. Confirmou-me que antigamente aquele autocarro seguia até Senglea, mas que agora fica por ali. O dito nativo estava sentado na esquina de um largo e diz-nos para aguardarmos ali porque haveria de passar ali um autocarro. Estranhei porque não havia nenhuma sinalética de paragem de autocarros, mas como indivíduo lá ficava, também lá ficámos. E o autocarro chegou mesmo. Seguia para Naxar! Naxar?!! Caraças, não é bem para ali que queria ir, mas pode ser que lá tenha mais alternativas para chegar a Paceville. Ainda antes de pagar os bilhetes, já lá está o nosso salvador a explicar a nossa situação ao motorista. Depois do esclarecimento maltês entre o salvador e o motorista, este confirma connosco em inglês que o nosso destino era mesmo Paceville. Claro que era, já estávamos exaustos e ansiosos por chegar. Estendo-lhe o dinheiro para pagar os bilhetes, mas este não aceita o dinheiro e manda-me guardá-lo. A dada altura lá para e aponta-nos para o outro lado da estrada para o sítio onde deveríamos apanhar o autocarro. O 65. Qual mais seria?
Lá ficamos à espera do 65 com a sensação de gratidão por termos sido bem acolhidos por aquele nativo e o motorista daquele autocarro. Em 4, 3 foram umas bestas e 1 foi 5*.
Chegamos ao hotel às 19:00 desesperados por um fabuloso banho de mar, ou de piscina, ou seja lá o que for... Àquela hora os “camónes” já estão a jantar e temos as piscina só para nós. Escolhemos a piscina que está mesmo em cima do mar. Uau, que luxo... a piscina tem a forma de concha a acompanhar a curvatura daquela pequena enseada sobre o mar. Desfrutamos a vista e o som do mar a bater nas rochas e da água da piscina a cair em cascata. Está-se mesmo bem.
Vamos jantar ao Avenue. Tem um ambiente juvenil e colorido, com uma ementa bastante variada. A Maf vai noutro bife e eu nuns ribs (o famoso “piano” de entrecosto à portuguesa). Lá tive que me pegar numa amena cavaqueira com o empregado sobre o molho de barbeque com que os ingleses gostam tanto de besuntar os grelhados. Eu dispenso e sugeri-lhe que o servisse como sobremesa. De resto estava tudo muito bom e valeu bem a pena.