Os alunos e as suas acrobacias são um dos aspectos de estudo mais interessantes no ensino. Passado uns aninhos a ensinar reunímos um conjunto de histórias dignas de registo. Neste post vou contar 3 dessas histórias que têm como tema comum os exames.
Antes de contar as histórias tenho que fazer um enquadramento de mais uma das características da postura de alguns alunos que me irrita bastante (além daquela famosa de sairem de uma aula para irem atender um telefonema “importantíssimo”). Nalgumas cadeiras ainda é permitido que os alunos usem nos exames qualquer tipo de consulta, sem limitações. Como sempre, devido aos exageros de alguns acabou-se por limitar a consulta a 1 folha A4 na maioria das disciplinas. Nesses exames, sem limitações de consulta, alguns alunos chegavam a levar dossiers com todos os exames resolvidos de semestres anteriores.
Um dia nesse tempo, está um aluno a resolver um exame com a mesa repleta de elementos de consulta. De tal forma, que a mesa já não era suficiente para tanta papelada e alguns livros e dossiers já se amontoavam pelo chão. Nisto o aluno chama-me e diz: “Será que me poderia dar outro enunciado, porque eu já não sei onde é que está o meu.” Aquela frase soou como música para os meus ouvidos. A mim que sempre me irritou aquele tipo de postura e que não tinha nenhuma forma de ripostar, vi naquele momento a opurtunidade e respondi-lhe: “Não há problema nenhum, eu ajudo-te a procurar o enunciado.” Puxei de uma cadeira e sentei-me ao lado do aluno a vasculhar calmamente todos os seus elementos de consulta à procura do enunciado. O aluno: “Então... Mas ? Mas não me pode dar outro enunciado?” E eu: “Tem calma, não te preocupes que havemos de o encontrar!” E lá continuámos calmamente eu e o aluno (este um pouco mais apressado) em busca daquele enunciado. Não chegou a 5 minutos e eu encontrei o enunciado perdido no meio de um dos seus dossiers.
Num outro episódio semelhante de grande espalhafato de elementos de consulta o aluno chama-me para tirar uma dúvida. Lá me indica a alínea em que tinha dúvidas e eu começo logo a ficar baralhado. Volto a ler e começo a sentir-me comprometido: “Como é que é possível eu não estar a ver de caras a resposta a esta questão.” Olho com mais cuidado e penso: “Mas eu não estou a perceber nada do contexto desta alínea. Mas isto é de que grupo?”. Lá tenho que ir para o início do grupo e começar a ler tudo. Continuo baralhado: “Mas afinal que raio de exame é este?!” Esta mais parecia uma pergunta vinda do aluno. Mas não, fui mesmo eu que perguntei, porque por mais absurdo que pareça o aluno trocou o enunciado com um outro de um semestre passado que tinha trazido para consulta. Sem comentários!!!
Finalmente a 3ª história que não se passou comigo, mas com uns colegas meus que deram exame na semana passada. Passado cerca de 15 minutos em que decorria o exame um aluno diz que quer desistir. O meu colega lá explica ao aluno que por norma só se pode sair da sala passado meia-hora porque ainda pode haver alunos atrasados a querer vir fazer o exame. Além disso ainda questionou o facto de o aluno até já ter começado a escrever algumas respostas ao exame. O aluno lá insistiu e explicou: “Sabe... é que eu nem se quer devia estar aqui a fazer este exame. Eu queria era fazer um outro exame de Matemática que está a decorrer ali noutra sala e enganei-me.” UAU.... Como é que aquele aluno conseguiu responder a perguntas de um exame de Programação Imperativa em C e C++, julgando que se tratava de uma questão de Matemática? Lindo!!!! (já agora, este não era um aluno do DEETC)