Já em vários posts mencionei o encanto que sinto por São Jacinto. Pela simplicidade da paisagem, isolamento, conservação, magníficas dunas, extensão do areal, mar revolto, vila pitoresca,... enfim um conjunto de atributos reunidos numa única terra que é São Jacinto.
Outro lugar deslumbrante por características distintas é a ilha do Farol. Situa-se entre Olhão e Faro, do outro lado da Ria Formosa. Aí encontramos uma enorme língua de areia que nos oferece um lugar único isolado do mundo urbano. Nesta ilha não existem carros, nem se quer existem estradas, nem passeios, apenas areia e passadeiras de cimento que traçam os caminhos pedonais pelo meio das casas. Dá-nos a sensação de estarmos num acampamento, mas onde as tendas são barracas improvisadas com tijolos, placas de betão, madeira e afins… Tudo aquilo que uns invasores no pós 25 de Abril conseguiram para ali levar na conquista de um pedaço de terra. Quem sou eu para julgar alguém? Nem esses, nem aqueles que sem se saber como conseguem construir enormes mansões noutras áreas igualmente protegidas.
Obviamente que as casas da ilha do farol estão em plena reserva natural da Ria Formosa. E sendo assim, estão mal. Mas isso não me diz respeito.
Por ser assim apenas alguns afortunados podem ter o privilégio do prazer que é passar ali uns dias. Claro que para muitos seria um sofrimento estar privados de luz, gás, água canalizada, televisão, Internet, etc. Mas para quem sabe viver o verdadeiro espírito da descontracção é aqui que se encontra o verdadeiro sentido do relaxe.
Assim uns dias de férias na ilha do farol são a verdadeira essência do não ter nada para fazer, não ter carro, ter que deslocar a pé, ter sempre os pés na areia, adormecer com o som dos grilos, acordar com a luz a entrar no quarto, não ter horários, confraternizar, comer, beber medronho, cantar, vaguear, saber que não conseguimos ir mais além de onde o mar e a ria nos deixam.