Não devia haver imparcialidade?

June 18, 2007
No último ano assisti a mudanças no ISEL que me deixaram incomodado e que quase me fizeram deixar de acreditar no trabalho que exerço (ensino, investigação e colaboração com a indústria). A lógica e a forma como trabalhei nestes 5 anos tiveram a orientação de um líder, que foi o mesmo que desencadeou a minha contratação para a secção de Programação, do DEETC, do ISEL. Um líder em que sempre acreditei e que funcionou como um mentor do meu trabalho.
 
Na sequência de entrevistas realizadas e da minha contratação em 2002, foram-me colocados 3 desafios principais:
- Fazer o mestrado;
- Colaborar com a indústria no desenvolvimento de projectos;
- e finalmente o mais importante cumprir a tarefa número um do professor: ensinar.
 
Acreditei e aceitei os desafios propostos com a mesma determinação com que sempre procurei atingir os objectivos que me eram propostos na indústria. Atingi estes objectivos e simultaneamente foram-me colocados outros, como a responsabilidade de duas disciplinas da secção (Programação orientada por objectos e Modelação e padrões de desenho).
 
Passados os primeiros 4 anos e face ao meu desempenho, questionei o meu chefe se estaria em condições de ser promovido, ou caso contrário, o que me faltaria ainda atingir?
(ao contrário da indústria aqui não há avaliações e revisões anuais)
(a referência a chefe e líder é à mesma pessoa)
 
A resposta do meu chefe foi: já tinha consultado outros professores e que dentro dos possíveis candidatos eu reunia o conjunto de requisitos necessários e que estava na frente dessa lista.
 
Fiquei satisfeito por confirmar que seguia o rumo correcto e que o meu esforço tinha sido bem direccionado.
 
A partir daqui segue-se um longo processo administrativo, que como qualquer processo administrativo da função pública rola bem devagar e devagarinho. Em 2 de Maio de 2007 realizou-se a “Prova pública com apresentação de uma aula e discussão do currículo, para o concurso de equiparação a professor adjunto”.
 
Com base no currículo e no resultado da prova pública é preenchida uma grelha com uma pontuação máxima de 80 pontos, que reúne critérios como:
- anos de serviço docente;
- textos de apoio desenvolvidos;
- projectos realizados em colaboração com a indústria;
- mestrado;
- etc…;
 
Um docente tem de reunir mais de 50 pontos para que seja aprovada a passagem a professor adjunto na Comissão Coordenadora do Conselho Científico do ISEL (doravante designada CCCC). O DEETC decidiu só levar à CCCC docentes que reunissem mais de 60 pontos.
 
Passados todos os processos de triagem e de avaliação, eu atingi 60,75 pontos. Infelizmente, de todos os possíveis e efectivos candidatos, fui o único que teve mais de 60 pontos. Volto a salientar: passados todos os processos de triagem. Todos incluindo o 1º quando questionei o meu chefe se estaria em condições de ser promovido. Para mim este era o parecer mais importante.
 
Hoje perto do fim do apuramento do veredicto final que me dava como único candidato com mais de 60 pontos em condições de ser levado à aprovação da CCCC, o meu líder perante uma assembleia de 50 docentes do departamento fez o seguinte parecer comparando a minha prestação com a de outro candidato (que omito o nome por ser meu colega trabalho): “Apesar de o Miguel Carvalho ter mais pontos que ----- , eu considero que o ----- seria um melhor professor adjunto que o Miguel Carvalho.
 
Lendo novamente este comentário pergunto: não devia haver imparcialidade?
 
Não respondi por ser apanhado completamente desprevenido e porque a resposta que eu daria naquele momento iria ser muito pouco concertada. E sem querer agora responder quero apenas salientar o seguinte: eu não entrei num concurso contra ninguém. E por enquanto não digo mais nada… Em breve darei mais notícias.