No final de uma discussão dos trabalhos com alunos, perguntei (como é habitual) quais as críticas e sugestões que tinham a fazer sobre o modo de funcionamento da aula/disciplina. Normalmente os alunos entendem a pergunta mais no sentido de puderem criticar do que fazer sugestões e acabam por se inibir nos comentários. Houve uns alunos que me responderam: “não temos nada a apontar, já tínhamos sido seus alunos, experimentámos outro professor que não gostámos e quisemos tê-lo novamente como professor.” Acrescentaram: “de resto pode passar mais Gato Fedorento, mas não fomos nós que colocámos isso no inquérito”. Ok, esta já é velha. Remataram dizendo que: “Gostamos em particular quando um aluno sai da aula a atender um telemóvel. Pensamos logo: he he … mais um que se vai tramar”.
É verdade, esta atitude é aquela que mais me transtornou ver quando regressei à vida académica. No tempo em que fiz a licenciatura não havia telemóveis, logo quem queria sair da aula saia de vez. Não havia razões para sair e voltar a entrar. Hoje em dia já não é assim, os alunos saem da aula porque têm chamadas importantíssimas para atender e regressam para continuar a ouvir a aula. Como os alunos têm uma grande capacidade de aprendizagem conseguem perder 5 ou10 minutos da aula e recuperar toda a lógica da explicação dada pelo professor, mesmo que tenham perdido os 5 minutos mais importantes de toda a matéria.
Enfim, durante 5 anos tentei infrutuosamente transmitir aos alunos que não existia chamada telefónica que justificasse interromperem a aula. Como não consegui, desisti e assim já não me chateio.
Esta foi a resposta que dei aos alunos da discussão. Ao que eles me responderam espantadíssimos: “Não faça isso. Adoramos ver o professor a cascar nos alunos que saem para atender o telemóvel.”